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segunda-feira, 18 de março de 2013

Centro de Estudos Camilianos, Álvaro Siza

Fez no Sábado passado, dia 16 de Março, 188 anos que nasceu Camilo Castelo Branco e eu lembrei-me da visita que fizemos, já em Setembro de 2011 à Casa de Camilo e ao Centro de Estudos Camilianos.

Embora o pretexto da ida a Famalicão tenha sido a obra do Siza, a visita a mais um exemplar arquitectónico do mestre não teria ficado completa sem a visita à Casa que terá estado na origem da sua construção neste local.

Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa em 1825 e depois de uma vida conturbada e de prolífica produção literária, acabou por suicidar-se 65 anos depois em S. Miguel de Seide, após confirmado o estado de cegueira irreversível causado pela sífilis, na Casa construída pelo primeiro marido de Ana Plácido - a mais polémica e duradoura paixão de Camilo, pela qual enfrentou cadeia por crime de adultério.

O carácter irreverente e apaixonado de Camilo é transposto para a sua obra e reflecte-se no discurso emotivo da guia que nos acompanhou durante a visita, preenchido por curiosidades e histórias espontâneas. A Casa, embora tendo entretanto sofrido um grave incêndio e outras transformações, foi inaugurada como museu em 1958, após obras de requalificação que procuraram recriar uma versão próxima da do tempo de Camilo.
Em 2005 é inaugurado do outro lado da rua, o Centro de Estudos Camilianos, assinado por Álvaro Siza, que vem integrar a Casa num complexo maior, não só do ponto de vista geográfico e urbanístico como cultural, com vista à requalificação de todo o espaço envolvente e à promoção da obra de Camilo Castelo Branco no contexto da Língua e Literatura Portuguesas.
Vale a pena a visita – e se forem, não se esqueçam que algures sob as linhas brancas da arquitectura de Siza, vivem as palavras apaixonadas de Camilo Castelo Branco.

[crédito das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Plataforma das Artes e Criatividade

A Plataforma das Artes e Criatividade, edifício onde também podem encontrar o Centro Internacional para as Artes José de Guimarães, foi inaugurado em Guimarães no passado mês de Junho.
O projecto é da responsabilidade de Pitágoras Arquitectos e parece surgir bem enquadrado no contexto do estatuto da cidade enquanto capital europeia da cultura - são vários os edifícios históricos que têm sido recuperados e parecem chamar a população a viver o centro histórico em todo o seu esplendor.

A Plataforma das Artes e Criatividade vem conformar a praça do antigo Mercado Municipal, cuja característica fachada voltada para as ruas adjacentes, se mantém, mas agora renovada com novas ocupações. No seu interior adivinham-se modernas lojas e espaços de trabalho, também um restaurante e café, ainda por abrir.

Mas é no interior da praça que o edifício se afirma através do expressivo jogo volumétrico e do brilho dourado do latão que anima a fachada, de modo inovador e surpreendente. Ao longo da praça espalham-se interessantes elementos de mobiliário urbano que convidam a sentar e conviver, fazendo lembrar o relaxante interior do Quarteirão dos Museus, em Viena.
A fachada geométrica sem vãos assume uma forte expressividade plástica e serve de contraponto, com a sua vibrante noção de modernidade, ao centro histórico que a rodeia.

No interior, cuja claridade branca contrasta com o exterior, é possível encontrar, para além da colecção dedicada a José de Guimarães, uma série de espaços expositivos e multidisciplinares que fazem deste novo espaço um convite ao encontro com a cultura e as artes.

E vocês, já visitaram?

[crédito das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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terça-feira, 31 de julho de 2012

Casa de Chá da Boa Nova – em fase de recuperação ou vandalização?

Não quero acreditar que um edifício classificado como Monumento Nacional seja deixado ao abandono… a notícia relativamente recente de que a Casa de Chá da Boa Nova teria sido encerrada para se proceder a obras de requalificação deixou muita gente triste e indignada. Na altura não achei que a notícia fosse propriamente motivo para indignação, mas sim sinal de cuidado e interesse – afinal de contas não seria de estranhar que obras de reabilitação ou alterações ao funcionamento fossem necessárias e falou-se até em negociações com o chef Rui Paula, sempre no sentido de reafirmar a importância do edifício e a necessidade de uma ocupação de acordo com o seu estatuto.

O edifício de Siza Vieira, construído em Leça da Palmeira, no início dos anos 60 foi uma das primeiras obras do premiado arquitecto e tem sido desde sempre símbolo de uma arquitectura sensível ao lugar, marco indissociável da marginal de Leça, de visita obrigatória para qualquer amante da arquitectura – e não só.

Muitas vezes lá fui tirar fotos e admirar a paisagem, tomar um chá ou um café – e até jantar, junto a um dos envidraçados, dividida entre a magia da vista para o mar e a qualidade da refeição e do serviço. Já não entrava lá há muito tempo quando ouvi a notícia do encerramento. Se é por uma boa causa, pensei, que a encerrem para depois poder reabrir em novo esplendor… mas agora, quando olho para estas fotos e vejo o estado em que se encontra, questiono-me se o encerramento tem de facto em vista a sua recuperação ou a sua vandalização.
Não quero precipitar-me e deixar-me levar pelas aparências, quero acreditar e dar tempo ao tempo… quero dar o benefício da dúvida aos responsáveis – e quero voltar a entrar com prazer na Casa de Chá da Boa Nova. Posso?

Crédito da foto: Paulo Pimenta, P3

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Praça das Cardosas

Desde a inauguração do Hotel Intercontinental, em plena Avenida dos Aliados, no Porto, que a contagem decrescente para a abertura ao público da Praça das Cardosas se fazia com alguma curiosidade. Este espaço privado de uso público, inaugurado no passado dia 5 de Julho, ocupa o miolo de um quarteirão entre as Ruas de Trindade Coelho e das Flores e pretende servir de elemento impulsionador à reabilitação urbana de toda esta área do centro histórico.

A Praça, ainda sem lojas abertas, irá acolher em breve o Porto Welcome Center, uma loja interactiva do Turismo do Porto e do Norte - acção que demonstra a vontade de abrir as portas da cidade aos seus habitantes e ao mundo. Os apartamentos do empreendimento Passeio das Cardosas aguardam ainda a finalização, planeada para Fevereiro do próximo ano.
Esta grande transformação só foi possível devido a uma parceria público-privada entre a SRU e a construtora Lucios.

Custa-me ver os quarteirões recuperados do centro transformados em condomínios de habitação de luxo... mas não vale a pena acreditar que é possível recuperar a cidade através apenas do investimento da Câmara - se é este o caminho para se conseguir que a reabilitação da cidade se concretize, que seja. Esperemos agora que estas acções de fundo sirvam de rede segura a outros investimentos, que, sendo menos ambiciosos, são também eles necessários numa cidade que é feita não só de grandes investidores, mas também de pequenos proprietários e jovens com pouco dinheiro, mas muita vontade de reanimar o centro.

Que esta seja apenas mais uma fase de todo este desejado processo!

[crédito das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Casa Rietveld Schröder - Utrecht

A Casa Rietveld Schröder é o único verdadeiro exemplo construído conhecido de arquitectura De Stijl e um dos mais emblemáticos ícones da arquitectura da primeira metade do século XX. Construída em 1924, este projecto do holandês Gerrit Rietveld, rompeu radicalmente com os pressupostos da arquitectura tradicional, concebendo uma habitação que procura levar os conceitos de flexibilidade ao limite.

A encomenda destinava-se a Truus Schröder-Schräder e os seus três filhos, que depois da morte do marido, optou por trocar o seu espaçoso apartamento em Utrecht por uma casa feita à sua medida - mas este acabou por tornar-se um projecto de vida a dois e o grande ponto de partida da carreira de Rietveld enquanto arquitecto, até aí essencialmente designer de móveis - e bem conhecido por sinal, como se comprova pela fama das cadeiras Reb Blue ou Zig-Zag.

Schröder, mulher moderna e independente, sabia bem o que queria do seu novo lar e participou activamente com Rietveld na criação daquela que viria a ser a casa dos dois.
A Casa Rietveld Schröder é, mais do que um espaço habitável, um manifesto. Situada nos arredores de Utrecht, a servir de remate a um conjunto de casas tradicionais de dois pisos, não tem problemas em demarcar-se do que a rodeia, tanto pelas linhas arquitectónicas como pelos materiais utilizados.

As cores do movimento De Stijl estão patentes tanto no exterior como no interior, acentuando o carácter plástico do volume e lembrando um quadro de Mondrian em 3D. Os princípios de organização do espaço apostam na liberdade e na capacidade de adaptação.

Se o piso térreo, destinado ao escritório de Rietveld, sala de estudo, cozinha e sala de jantar, pode ser ainda considerado organizado de modo convencional, o piso superior revela o carácter único da obra. Aqui, onde encontramos os quartos e a área de estar, podemos ler o espaço de uma série de diferentes modos... um espaço aberto pode ser transformado num espaço semi ou totalmente compartimentado pelo movimento sucessivo dos painéis deslizantes e giratórios que acabam por funcionar como portas ou biombos que mostram ou escondem aquilo que queremos, permitindo adaptar o espaço às diversas funções a que este vai respondendo ao longo do dia - ou ao longo da vida. É aqui que vive o coração da casa.
Durante a visita guiada, um guia de luvas e pantufas vai movimentando os painéis, enquanto os visitantes, algo confusos e surpreendidos, exploram o espaço de audio-guia colado ao ouvido. É difícil perceber o sentido prático de todas estas possíveis alternativas de transformação do espaço, mas é fascinante imaginar o sem fim de possibilidades de vivência de um espaço tão flexível.

O mobiliário tem que ser reduzido e cuidadosamente fabricado à medida, a privacidade é relativa e os truques para melhor aproveitar o espaço sem comprometer a unidade arquitectónica são muitos: as portadas amovíveis que se escondem embutidas nas paredes, os apoios rebatíveis ao longo das janelas, os móveis que acumulam mais do que uma função, escondendo muitas vezes a sua função principal.

Mas ainda que o interior da Casa nos dê a sensação de estar a viver noutro mundo, a sua intensa relação com o exterior é outro dos pontos fortes do projecto. Todas as divisões têm contacto directo com o exterior - no caso do piso superior, através de varandas - e a janela de canto da zona de estar, que parece desafiar a gravidade estrutural, é provavelmente um dos pormenores mais conhecidos da história da arquitectura.
Truus Schröder viveu aqui com o seus filhos, com Rietveld e depois da morte deste, sozinha, até ela própria falecer, em 1985. Ao longo de praticamente 60 anos esta Casa evoluiu, respondendo às diferentes funções que dela exigiam, até se transformar num Museu, depois da reabilitação levada a cabo por Bertus Mulder.

Vale bem a pena a visita - imperdível para qualquer arquitecto ou apaixonado por arquitectura - e vale a pena também ficar a conhecer melhor a história por trás da obra. É sempre interessante quando um arquitecto com ideias tão radicais para o seu tempo desenha a sua própria casa, usando-a como expressão, não só dos seus princípios arquitectónicos, como do seu estilo de vida, não concordam?

[crédito das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Casas Cubo (Kubuswoningen) de Piet Blom

Kubuswoningen ou Casas Cubo, são um projecto do arquitecto Holandês Piet Blom, desenhadas em 1978 e construídas em 1984 na cidade de Roterdão. Poucos anos antes um conjunto de protótipos havia sido testado em Helmond. O conceito: casas que são árvores habitadas, compondo no seu conjunto uma floresta urbana que aglomera várias funções (habitação, serviços, lojas), numa tentativa de afastar o espaço habitado do chão e criar a sensação de telhado urbano habitado.

No tronco de formato hexagonal distribuem-se as escadas de acesso, na copa a habitação é dividida em 3 pisos, estranhamente distribuídos num cubo elevado, girado a 45 graus. A estrutura foi realizada em betão no local e o esqueleto do cubo é feito em madeira.
Esta floresta, para além de ser um complexo habitacional composto por 38 casas cubo e outros espaços públicos e comerciais (incluindo dois cubos maiores, actualmente ocupados por um hostel), é também uma espécie de ponte urbana pedonal, que permite atravessar uma área de tráfego intenso no sossego de um percurso semi-privado.

É questionável a funcionalidade e o sentido prático de viver numa casa com esta configuração, onde nenhuma parede faz com o chão os tradicionais 90 graus... mas talvez uma visita ao seu interior se revele mais surpreendente do que decepcionante.
A mobília tem que ser feita à medida e o espaço tem que ser engenhosamente bem aproveitado se queremos fazer destes 100 m2 um espaço minimamente prático e confortável. O espaço é aberto e flexível, os vãos exteriores permitem ter vistas desafogadas de ângulos inesperados.

Estas casas não se destinam, definitivamente, a um estilo de vida convencional - mas será que é estritamente necessário viver em espaços regulares?

Será um toque de génio ou a visão de um louco? Será apenas uma experiência arquitectónica que pretende testar os limites humanos da ocupação de um espaço habitável não-convencional ou um manifesto pós-modernista que deseja provar que o funcionalismo não é a solução para todos os problemas?

Não é certamente um exemplo a seguir ou um conceito a aplicar noutros contextos... mas é verdade que Roterdão é em grande medida uma espécie de recreio para muitos arquitectos contemporâneos testarem as suas teorias (e práticas) mais excêntricas.

É-me difícil defender a beleza ou o sentido prático das Casas Cubo, mas a visita à Casa-Museu - mobilada e habitada - deixou-me com vontade de transformar-me em cobaia e experimentar também viver num espaço que, não sendo convencional, sem dúvida apela à imaginação dos seus habitantes.
[crédito das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Arch Daily

Já toda a gente sabe que a internet é uma fonte inesgotável de informação – e de inspiração.

Quando falamos em arquitectura poucos são aqueles que pensam em desenhos técnicos. O público em geral e também os profissionais da área, precisam de analisar as plantas e os pormenores construtivos a par de textos explicativos e imagens inspiradoras.

São muitas as vezes que percorro alguns sites sobre arquitectura para ficar a conhecer novos materiais, ideias inovadoras, as obras recentes de arquitectos que admiro ou os últimos projectos que venceram um prémio. Decidi por isso partilhar convosco, ao longo de alguns dos meus futuros posts, os sites que mais me inspiram e me fazem clicar mais vezes nos seus conteúdos. Alguns provavelmente estarão fartos de conhecer, outros, espero, serão boas surpresas.

Para começar deixo-vos com aquele que se auto-denomina como o site de arquitectura mais visitado do mundo: arch daily. E tal como criar deve ser um acto repetido diariamente, também a visita a este site tão completo deve ser diária. Como pretexto adicional: até 21 de Fevereiro podem votar nos nomeados aos prémios 2011 Building of the Year – participem, o difícil será escolher!
[crédito da imagem: arch daily]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Index Newspaper

Existem já no mercado várias revistas especializadas dedicadas à arquitectura, entre elas o próprio JA – o Jornal dos Arquitectos publicado trimestralmente pela Ordem dos Arquitectos – e uma série de outros títulos mais ou menos originais, de cariz mais técnico ou conceptual, mais dedicadas a nomes desconhecidos ou aos consagrados, mais preenchidas por imagens, por texto, desenhos ou publicidade… Este pode ser um público restrito, mas é sem dúvida ávido de imagens e de informação.

No passado Sábado foi lançada uma nova revista de arquitectura: a Index Newspaper, que pretende afirmar-se pela diferença, começando pelo carácter informal das suas páginas, impressas em papel de jornal – facto que evidencia a primazia do conteúdo sobre a embalagem e que permite que a revista chegue às bancas ao razoável preço de 3,5€.

Amélia Brandão Costa e Rodrigo da Costa Lima, dois arquitectos do Porto, juntaram-se para dar forma a esta publicação bilingue trimestral que ambiciona por toda a gente a falar de arquitectura. Cada número apresenta-nos um ilustrador diferente para a capa, uma entrevista, um atelier, um conjunto de projectos e um ensaio. Cada lançamento servirá também de pretexto a um evento onde se pretende falar sobre arquitectura em espaços pouco convencionais.
O salão de bilhares do Café Ceuta, no Porto, nunca se imaginara tão cheio de arquitectos e estudantes de arquitectura. Este foi o espaço escolhido para o lançamento do primeiro número da revista e no passado Sábado, dia 7, a partir das 14h, as mesas de bilhar foram transformadas em espaços de exposição e foi assim, num ambiente informal a meia-luz, que a conversa com o arquitecto suíço Valerio Olgiati, anunciada para as 18h, se foi desenrolando. O som não chegava límpido a todos os cantos da sala, mas as questões pertinentes foram-se sucedendo a bom ritmo.
Os editores não escondem a paixão e o gosto pessoal que os move em direcção a este novo desafio, que lhes permite distanciarem-se do trabalho de gabinete em direcção a novas abordagens à própria arquitectura.

É caso para dizer que, mesmo entre as várias publicações especializadas em arquitectura já existentes, há sempre espaço para novas ideias – venham elas!

[créditos das imagens: Ana Pina]

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro de 2011.

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

4000 ateliers

No próximo Sábado, dia 12 de Novembro, entre as 15h e as 20h, vários ateliers de arquitectura da cidade do Porto estarão de portas abertas. O código postal de todos os ateliers situados na Baixa portuense começa por este número: 4000, daí que a posição geográfica tenha servido de nome de baptismo para um evento que se abre à cidade.

Este não é um conceito novo, mas é certamente inovador. 5 arquitectos que trabalham no Porto decidiram organizar um evento que ambiciona aproximar a arquitectura das pessoas – não propriamente dos profissionais da área, mas do cidadão comum que mantém certamente dúvidas ou ideias pré-concebidas acerca do trabalho real que um arquitecto desenvolve no seu gabinete – e que cresce a partir daí até à obra.
Espera-se que esta iniciativa sirva também para desmistificar a imagem do arquitecto, para apresentar projectos e ideias que se encontram em desenvolvimento, para fomentar o espírito de comunidade através da celebração da Arquitectura.

Se estes 20 ateliers - entre muitos outros - escolheram a Baixa do Porto para situar o seu local de trabalho, é também porque querem chamar a atenção para a recuperação de uma área da cidade que, depois de ser sucessivamente abandonada, tem ultimamente assistido aos esforços pela sua revitalização, mas tem ainda um longo caminho a percorrer no sentido da sua recuperação total – é preciso continuar a dinamizá-la com iniciativas como esta.

No Sábado será possível visitar estes espaços de trabalho em modo Open House e admirar a partir do seu interior as perspectivas que inspiram estes arquitectos a trabalhar diariamente por uma cidade melhor.

Que melhor pretexto para passear pelas ruas da Baixa num Sábado à tarde?
Vejam aqui o mapa e a lista de ateliers participantes e juntem-se também à festa no facebook.

Créditos das imagens: 4000 ateliers

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro do presente ano.

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

No Rules, Great Spot

No início deste ano o colectivo Esta é a minha cidade? lançou um desafio: um concurso de ideias para a Praça de Lisboa.

Talvez muitos de vocês, mesmo morando no Porto, não saibam onde fica a Praça de Lisboa – é um espaço público difícil de caracterizar e que não corresponde propriamente à imagem que a maioria das pessoas tem de uma Praça. Já foi um mercado, tentou ser um shopping fechado em si mesmo, resistiu enquanto Café na (pseudo-)Praça, continua a ser um parque de estacionamento e esperemos que no futuro deixe de ser um muro vandalizado de costas voltadas à cidade.

Custa a crer que um espaço público numa localização tão fulcral tenha sido urbanisticamente tão desprezado. Este triângulo urbano de difícil resolução congrega à sua volta marcos tão importantes como a Igreja dos Clérigos, a Cadeia da Relação, a actual Reitoria da Universidade do Porto ou a Livraria Lello e Irmão. Com a recente invasão de animação diurna (as lojas) e nocturna (os bares) das adjacentes Ruas Galeria de Paris e Cândido dos Reis, é imperativo recuperar a imagem de um espaço que tem potencial para ser muito mais do que um útil parque de estacionamento. E isto está a ser feito: o único projecto apresentado a concurso (não admira que fosse o vencedor, certo?), da autoria de Balonas & Menano, foi apresentado na Câmara e as obras estão em curso - embora aos soluços.
Mas então, se o assunto está resolvido, porque é que foi lançado um concurso de ideias para a Praça de Lisboa?

A pergunta é pertinente e a reposta dá que pensar: porque, mais do que aceitar a única solução à disposição, importa trazer para a praça pública a discussão acerca do que é a cidade, o espaço público e a nossa relação com o mesmo. Não são só os arquitectos que têm algo a dizer – também os cidadãos deveriam participar no projecto comunitário da cidade. O colectivo Esta é a minha cidade? chama assim a atenção para a necessidade de recuperar o conceito do concurso público – mais do que um simples processo de escolha, deveria ser uma oportunidade de diálogo e discussão aberto à população, sobretudo quando falamos de um significativo espaço público da cidade.
Mas então… e porquê falar disso agora?

Bem, porque estão 30 propostas em cima da mesa à espera de uma animada discussão. Serão inúteis pela sua óbvia não aplicabilidade prática, mas serão também tão mais úteis quanto mais servirem de motivo de reflexão. No dia 29 de Outubro, a partir das 18h, na Loja A Vida Portuguesa, no Porto, terão a vossa oportunidade de se juntarem ao debate acerca d’O que é um espaço público? Depois não digam que ninguém vos perguntou nada.
Imagens:
1. Zona envolvente à Praça de Lisboa, Porto
2. Proposta vencedora e única do concurso realizado em 2007, Balonas & Menano
3. No Rules, Great Spot – frase escrita em grafitti num dos muros da demolida Praça de Lisboa
4. Pedro Soares Neves | Folha em Branco - Proposta vencedora do concurso de ideias lançado em 2011 pelo colectivo Esta é a minha cidade?

Créditos: No Rules, Great Spot

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro do presente ano.

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mês da Arquitectura

No dia 3 de Outubro, primeira Segunda-Feira do mês, celebrou-se o Dia Mundial da Arquitectura.

A Ordem dos Arquitectos estendeu a celebração a todo o mês, por isso a escolha entre a série de exposições, conferências e workshops dedicados ao tema é vasta.
Os eventos estão concentrados nas cidades de Lisboa e Porto, mas penso que o mais interessante seria que servissem para abrir fronteiras. Não só entre cidades, mas entre os profissionais da área e o resto da população. Afinal de contas, a arquitectura é uma actividade que pretende servir as pessoas e estes eventos parecem tantas vezes voltar-lhes as costas, como se os arquitectos fossem uma espécie incomum, habitante de um cenário muito particular, sempre fechada em si mesma.

O conceito mais interessante do programa cultural para este mês da Arquitectura é precisamente o de ARQ OUT – uma cartografia de eventos culturais que toma a cidade do Porto como ponto de partida. Como o nome indica, trata-se de desenhar um mapa, não só da cidade, mas dos eventos que nela decorrem, numa tentativa de a abrir ao público em geral – o público que nela vive, que a transforma diariamente e que dela faz parte.

OUT porque esta série de eventos extravasa a data da celebração do Dia Mundial da Arquitectura, mas também porque alude à ideia de fazer saltar a produção cultural da arquitectura para fora do seu universo corporativo.
O Pelouro da Cultura da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos lançou o desafio a cidadãos, instituições e membros: deu-lhes a liberdade de apresentar projectos e eventos de cariz cultural capazes de se relacionarem com a arquitectura, com os arquitectos e com a cidade, reunindo-os depois num mapa simbólico de linhas estilizadas, onde se desenham acontecimentos para todos os gostos e idades. Entre eles cruzam-se vencedores do Pritzker e nomes ainda desconhecidos, colectivos institucionais e movimentos associativos; cruzam-se artes, palavras, música, viagens e linhas de metro. Até a Concreta – a maior Feira de Construção do Norte do país – que decorre, parece que propositadamente, em Outubro, está integrada no programa. A rede está lançada.

O ARQ OUT parece apenas um mapa de eventos culturais, mas pretende afirmar-se como uma plataforma colectiva de colaboração sustentada para a produção e divulgação de iniciativas em volta dos temas da cidade e da arquitectura. Começa este ano pelo Porto, mas pretende alargar-se a outras regiões. Assim espero.
Nas fotos: lugares na cidade do Porto onde decorrerão alguns dos eventos.
1. Avenida dos Aliados
2. A Vida Portuguesa
3. Plano B
4. Bairro da Bouça, Álvaro Siza

Consultem aqui o programa.

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Artigo escrito por Ana Pina, nascida no Porto em 1980. Formada em arquitectura pela FAUP desde 2004, divide agora as suas paixões entre a ilustração e a joalharia contemporânea. Colabora com o Engenharia e Construção desde Setembro do presente ano.

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