domingo, 15 de março de 2020

Impacte ambiental do Coronavírus (Covid-19)

Antes de mais convém começar por sublinhar que na origem de um provável efeito positivo, está um acontecimento muito negativo e com consequências ainda não mensuráveis para a saúde pública. Uma das consequências inesperadas do surto do novo coronavírus (Covid-19) será eventualmente uma melhor qualidade do ar, ainda que este venha a revelar-se um efeito temporário. No entanto como veremos neste artigo há também efeitos negativos ao nível do ambiente a ter em conta nesta pandemia.

É um facto que as restrições de viagens aéreas e as limitações de contacto, que implicam naturalmente deslocações de automóvel para lidar com a pandemia do covid-19, resultarão num declínio substancial do consumo de combustíveis fósseis e na redução de gases com efeito de estufa que contribuem negativamente para a qualidade do ar e que influenciam as alterações climáticas.

Segundo dados do portal Carbon Brief, no final do mês de fevereiro o consumo de eletricidade e a produção industrial (da China) estava já muito abaixo dos valores comuns, tendo em conta vários indicadores. Estes aspetos levaram a uma queda de pelo menos 25% na emissões de dióxido de carbono (CO₂) naquele país, com repercussões, naturalmente, no resto do mundo, uma vez que uma redução de 25% nas emissões da China equivale a uma redução global de 6%.

Mas é preciso não esquecer que essa queda de 25% das emissões na China durante duas ou três semanas representa uma redução mundial de apenas 1% (conforme dados do Carbon Brief). O que significa que ou este eventual impacte positivo, ainda que sem efeitos a longo prazo, é aproveitado para gerar uma mudança nos comportamentos, ou mais tarde a recuperação económica poderá, ser ainda mais prejudicial.

Se, por um lado, esta pandemia mostra sinais positivos para o ambiente por tempo limitado, a necessidade de proteção individual com máscaras e luvas levou ao consumo exponencial de materiais em plástico descartável, que após utilização (em meio hospitalar) terão necessariamente como destino final a autoclavagem e a deposição em aterro, por se tratar de um resíduo com risco biológico. Este aumento exponencial irá resultar certamente num aumento dos resíduos hospitalares do Grupo III, a gerir em meio hospitalar, uma vez que é aí que os pacientes estão neste momento a ser atendidos e monitorizados.

É importante salientar que a partir do momento em que os pacientes passem a ser tratados no seu domicílio, não existirão canais de recolha para estes resíduos, sendo o lixo indiferenciado o destino a dar aos mesmos, por falta de alternativa.

A corrida aos hipermercados poderá também provocar uma aquisição exagerada de bens perecíveis, que não sendo consumidos no tempo adequado poderão contribuir para a produção de desperdício alimentar.
Esta pandemia, que está a parar o mundo, servirá com toda a certeza para repensarmos os nossos comportamentos e o ponto até ao qual conseguiremos mudar alguns hábitos na nossa vida, além de contribuir ainda para promover a discussão das políticas ambientais e governamentais adotadas por cada um dos países em matéria ambiental.










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