quinta-feira, 8 de março de 2018

Segurança no trabalho - Equipamento de proteção individual para mulheres

Após três invernos a trabalhar na mesma empresa, eis que chegou a hora de ter direito a um blusão refletor. Pedi um M, pois o meu blusão do quotidiano é um M. largo, muito largo. Pedi para trocar por um tamanho S uma vez que não existe tamanho XS, escusado será dizer que continua largo, ideal para o final de uma imaginável gravidez. Para celebrar mais um dia Mundial da Mulher e um ano do meu primeiro artigo para o site, faço referência aos equipamentos de proteção individual (EPIs) e a sua inadequação à estrutura e necessidades da mulher.

Um inquérito realizado em 2016 por um conjunto de organizações concluíu que 57% das mulheres participantes achavam que os seus EPIs dificultavam muitas vezes o seu trabalho, uma vez que a maioria dos EPIs são concebidos segundo um modelo-padrão baseado nas dimensões e proporções masculinas de determinados países europeus e dos EUA.

Artigos como os arneses anti-queda precisam ser bem ajustados, mas as diferenças ao nível do peito, cintura e coxas podem afetar o ajuste das alças ou das cintas. Outro exemplo é o das botas de segurança, o pé de uma mulher é geralmente mais pequeno e estreito que o de um homem, ou seja, uma bota de tamanho menor poderá ter o comprimento adequado para uma mulher mas não a largura. Nesse inquérito, as mulheres também referiram que é muito difícil encontrar EPIs adequados durante o período de gravidez. Muitos empregadores hesitam em comprar EPIs adequados a cada fase da gravidez.

O inquérito de 2016 evidenciou que muito poucas utilizaram EPIs adequados à gravidez e que metade das trabalhadoras grávidas reduziu a sua atividade normal ou alterou as suas funções antes de entrar de licença de maternidade. Na verdade, os EPIs inadequados ou desconfortáveis não impedem apenas as mulheres de desempenhar as suas funções como também constituem um problema de segurança e saúde sério.

Os EPIs destinam-se a proteger, pelo que se não são adequados, não estão a cumprir o seu propósito. Um EPI inadequado pode aumentar o risco de lesão, por exemplo, luvas inadequadas podem dar origem a problemas de preensão, do mesmo modo que os sapatos ou macacões errados podem aumentar o risco de tropeçar. O calçado inadequado pode também originar calos, joanetes, deformações nos pés e dores nas costas, para além do risco de esmagar o pé.

As mulheres também referem frequentemente problemas significativos causados pelos arneses de segurança, cintos e equipamentos de proteção corporal quando roçam a pele ou não são concebidos tendo em conta os diferentes tamanhos do peito ou das ancas. Se o EPI não serve, causa desconforto ou problemas de saúde, as mulheres tenderão a não usá-lo. As consequências de não usar equipamento de proteção para a cabeça ou os pés podem ser catastróficas e até a não-utilização de luvas, macacões ou coletes pode originar lesões.
Em áreas como a construção e a engenharia, só muito recentemente as mulheres começaram a tornar-se mais visíveis. Se as mulheres destes setores continuarem a não ter o mesmo acesso que os homens a EPIs seguros e confortáveis, terão cada vez mais dificuldade em trabalhar em pé de igualdade com os homens.

Por estes motivos, os EPIs devem ser vistos como uma importante questão de igualdade.

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Artigo escrito por Catarina Vicente.










1 Comentário:

Margarida disse...

Pequena e com problemas? tente descobrir um fato de macaco, um arnês que sirva a uma mulher grande e pesada...uma escada que possa ser usada por pessoas com mais de 100kg...compreendo o problema, pelo lado inverso...

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